Brasil – O Brasil brilhou nas Paralimpíadas de Paris, garantindo mais uma medalha de ouro no segundo dia de competições. O destaque foi no atletismo, esporte que historicamente rende muitas medalhas ao país. Julio Cesar liderou a prova dos 5000m da classe T11 e conquistou o título, enquanto Yeltsin Jacques ficou com o bronze, resultando em uma dobradinha no pódio para o Brasil. Além da vitória, Julio quebrou o recorde mundial, completando a prova em impressionantes 14min48s85.
Desde o início da prova, Julio demonstrou uma preparação física impressionante. Ele começou com um ritmo controlado, mas rapidamente assumiu a liderança. Nas últimas três voltas, sua vantagem só aumentou, permitindo-lhe cruzar a linha de chegada como campeão mundial. O recorde anterior, que também pertencia a um brasileiro, Yeltsin Jacques, foi superado.
“Obrigado a todos pelo carinho. Para mim, é uma emoção muito grande. Isso mostra o poder que a gente que saiu da periferia tem. Quando comecei a correr, só tinha um campinho de futebol e a minha determinação. Com muita força de vontade cheguei aqui. Não tive força nenhuma da minha cidade. Espero que agora eles arrumem aquele campinho. Não quero repercussão para mim, e sim fazer a diferença para o meu bairro e para a sociedade. É muito importante ter o esporte na nossa cidade, no nosso bairro. Que essa medalha seja para aquelas crianças. É possível sofrer com tantas dificuldades na vida e ser campeão paralímpico. Isso mostra o quanto o periférico sabe que sua hora vai chegar”, disse o campeão olímpico e recordista mundial.
Yeltsin Jacques, que estava voltando de uma lesão, conseguiu a terceira colocação nos metros finais, registrando um tempo de 14min52s61. O japonês Kenya Karasawa ficou com a prata, com a marca de 14min51s48. Apesar das dificuldades enfrentadas, inclusive uma virose recente, Yeltsin considerou a prova uma vitória pessoal.
“Obrigado a todo o Brasil que levantou de madrugada e torceu por mim e pelo Julio. Muito feliz que o Julio bateu o recorde. Dentro do que eu passei, voltando de uma lesão grave, ainda peguei uma virose nos últimos dias, eu e minha família sabemos o quanto foi duro. Queríamos o ouro, mas a sensação é de missão cumprida. Fizemos do limão uma limonada e conseguimos uma marca excelente e uma medalha para o Brasil”, afirmou o medalhista de bronze após a prova.
Julio Cesar Agripino, natural de Diadema, São Paulo, foi diagnosticado com ceratocone aos sete anos. Ele iniciou no atletismo como atleta convencional e, posteriormente, migrou para a equipe paralímpica. Compete na classe T11, que inclui atletas com deficiência visual. Julio detém diversas medalhas, incluindo ouro nos 1500m e prata nos 5000m no Mundial de Kobe, em 2024, além de ouro nos 1500m e bronze nos 5000m nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023.
* Com informações do Globo Esporte
