Manaus enfrenta crise ambiental preocupante devido às queimadas e à seca histórica na região. A fumaça proveniente desses incidentes tem encoberto a capital do Amazonas, causando má qualidade do ar e uma atmosfera cinzenta persistente. A situação tem sido vivenciada pelos moradores ao longo dos últimos dois meses.
No início de outubro, Manaus alcançou níveis alarmantes de fumaça durante três dias consecutivos, classificando a cidade como uma das mais poluídas do mundo. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou o maior número de queimadas dos últimos 25 anos no estado, totalizando quase 4 mil focos de calor.
Diante dessa crise, o Ibama enviou 290 brigadistas para reforçar as ações de combate às queimadas no Amazonas. O contingente se soma a mais de 600 servidores, incluindo bombeiros, brigadistas, policiais e agentes federais, envolvidos nas operações. No entanto, os esforços até o momento não têm sido suficientes para conter a fumaça que continua a encobrir Manaus.
Pela terceira vez consecutiva, a cidade volta a sofrer com os efeitos das queimadas. A fumaça tem incomodado a população desde a semana passada, mas se intensificou nos últimos três dias, atingindo seu ápice no domingo (29), segunda-feira (30) e terça-feira (31).
Mas de onde vem essa fumaça? Órgãos responsáveis por monitorar a crise ambiental no Amazonas têm apontado suas origens. De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), a fumaça em Manaus provém dos focos de calor e queimadas tanto na própria capital quanto em outras cidades da Região Metropolitana. A região compreende 13 municípios, incluindo Manaus, onde os registros dos incêndios estão concentrados.
Em comunicado divulgado recentemente, a Sema ampliou as áreas de origem da fumaça. Além da Região Metropolitana de Manaus, que já soma 120 registros, a fumaça vem principalmente do Estado do Pará, onde foram contabilizados 3.965 focos de queimada. A Secretaria aguarda resposta sobre quais medidas estão sendo tomadas pelo governo do Amazonas em conjunto com o governo federal para combater os incêndios no estado vizinho.
Em contrapartida, a Prefeitura de Manaus nega que o fenômeno seja resultado de incêndios na capital. Segundo a administração municipal, os focos de fogo têm origem nos municípios da Região Metropolitana. Opinião semelhante é compartilhada pelo Ibama, que aponta os municípios de Careiro e Autazes como os principais responsáveis pela emissão de fumaça. Agropecuaristas são citados como culpados pelo uso inadequado do fogo nessas áreas.
Entretanto, por que a fumaça não desaparece? Segundo o Ibama, a fumaça é carregada de um lugar para outro por massas de ar, o que impede sua dispersão rápida, afetando assim a visibilidade e a qualidade do ar. Um alerta emitido pela Sema mostra que Manaus ainda levará tempo para ter seu céu azul de volta. Devido à baixa precipitação pluviométrica, a massa de calor continuará afetando a qualidade do ar nos próximos dias, impedindo a dissipação das partículas de fumaça.