Registro histórico: Rio Negro continua a baixar em Manaus após a pior seca em 121 anos. O nível das águas atingiu um patamar alarmante de 12 metros, uma marca sem precedentes. Os dados foram obtidos no Porto de Manaus, onde a medição diária acontece.
A diminuição contínua do nível do Rio Negro tem preocupado especialistas. Segundo Jussara Cury, pesquisadora do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), o rio ainda está sofrendo os efeitos da estiagem, apesar de já ter encerrado na calha do Rio Solimões. A subida das águas no Peru e na tríplice fronteira, onde está localizada Tabatinga, é fundamental para a recuperação do rio.
No entanto, a pesquisadora alerta que a estabilização do nível do Rio Negro em Manaus ainda vai demorar. Devido aos níveis extremamente baixos da bacia, é necessário um tempo para que a água se distribua ao longo da região. Para isso, é preciso contar com a ocorrência de chuvas ao longo da bacia, o que ainda não aconteceu.
Os efeitos da seca em Manaus são visíveis, principalmente na orla da cidade. Bairros como o Centro, Educandos e São Raimundo estão afastados do Rio Negro. A praia da Ponta Negra, um importante ponto turístico, está interditada desde o início de outubro. A seca também afetou a Marina do Davi, que liga a cidade a diversas comunidades ribeirinhas.
Além disso, dois lagos importantes na Zona Leste da cidade, o Lago Mauá e o Lago do Aleixo, secaram completamente. As comunidades locais, que dependem das águas para atividades diárias e comerciais, ficaram isoladas. A seca também impactou a pesca e o turismo comunitário.
A situação no estado do Amazonas é preocupante. Dos 62 municípios, 59 estão em situação de emergência, entre eles Manaus. Mais de 630 mil pessoas já foram afetadas pela seca severa. Medidas de auxílio e apoio estão sendo tomadas para minimizar os impactos dessa crise hídrica.